Italo Ferreira busca se fortalecer em Saquarema após sequência ruim: "Alerta para mudar"
Italo tenta repetir o feito do compatriota Filipe Toledo e se tornar bicampeão no Rio de Janeiro.
O surfista Italo Ferreira participou de entrevista coletiva nesta quarta-feira no Rio de Janeiro para falar sobre a etapa da WSL em Saquarema. Ele é o brasileiro com a segunda melhor colocação no ranking do Championship Tour em 2025. O atleta iniciou a temporada em alta e assumiu a liderança da tabela, mas vem de uma sequência de quatro eliminações precoces. As próximas etapas serão fundamentais para determinar os classificados ao finals.
Questionado pelo ENM sobre os potenciais ajustes a serem feitos de olho na parte decisiva da temporada, Italo fez uma análise completa sobre seu desempenho na temporada.
- A primeira coisa que vem à minha cabeça é surfar igual aos outros caras, e tentar não exigir o máximo (de mim mesmo) em todo momento, porque acaba que em algum momento (o meu surfe) se torna muito fácil aos olhos de quem está vendo e está julgando, e aí as minhas notas estão indo para baixo toda hora. Acho que não preciso fazer tudo toda hora e mostrar o que eu sei realmente fazer, então eu acho que esse é um ponto que dá para ser ajustado ali, e seguir uma linha que é aquela que todos seguem.
- Está sendo um ano muito especial. É claro que quando você olha os quatro últimos resultados, não foi positivo pelo lado do ranking, mas eu acho que quando você tem esses resultados, acende uma luzinha, e aí tem alerta para mudar algumas coisas.
- Quando você vai para a Austrália e tem três eventos, é um dos lugares mais desgastantes, é onde você realmente tenta achar as energias num lugar tão distante, e você acaba de alguma forma perdendo forças quando você tem um resultado negativo, aí você vai para a outra etapa, já não tem um bom resultado, aí já não tem uma rotina… então é um momento que você tem que estar muito preparado no detalhe, e aí foi bom isso acontecer agora (eliminações), porque o próximo ano a gente inicia (a temporada) na Austrália, eu tenho como mudar tudo o que aconteceu, então foi positivo. Essas coisas acontecem para que você realmente melhore a cada temporada e possa fazer diferente, então agora a gente tem mais três eventos antes do finals.
- Ano que vem é em pontos corridos, muda toda a estratégia e a dinâmica do jogo, mas que os atletas de alguma forma conseguem se adaptar muito rápido a essas mudanças, e independente de tudo é muito divertido, porque sempre é um sonho, estar competindo no circuito mundial, viajando no mundo, e desfrutando de tudo o resto - comentou Italo Ferreira.
O atleta potiguar analisou a alternância que vem tendo em 2025 entre o sucesso dentro das baterias e eliminações em fases iniciais.
- Eu comecei muito bem o ano, não está ruim, eu estou ali no topo, junto com os outros atleta. O ano passado foi bem mais chato para mim, eu tive alguns resultados ruins, e terminei em segundo, ou seja, foi uma montanha russa. Mas isso vai te motivando e te incentivando cada vez mais. Esse ano eu tive esse período agora de resultados não tão positivos para o ranking, mas positivos para mim, para que eu pudesse mudar a minha cabeça, e aí sim tentar melhorar. (Porque) Não é falta de surfe, porque surfe eu tenho demais, e aí na hora que entra na água, você acaba não tendo as boas oportunidades e aí o detalhe é você exigindo tanto de você, você acaba errando, e aí aquilo custa caro no final. Independentemente disso, estou muito amarradão, especialmente de voltar para o Brasil e poder competir aqui, ter toda essa estrutura e energia - disso Italo.
A etapa de Saquarema foi palco de festa para Italo Ferreira no ano passado. O surfista foi campeão do evento e isso o ajudou a chegar no finals. Ele pode se tornar bicampeão consecutivo e repetir a arrancada de 2024.
- Sem dúvida, esse (bicampeonato em Itaúna) é um sonho, isso automaticamente vai ter um impacto positivo no ranking, assim, isso me deixando um pouco mais no topo ali e preparado para o finals, que é o objetivo final, então assim, vencer a etapa de Fiji, que é o último check list do mundo ali que eu preciso vencer, que é vencer Pipeline, Teahupo'o, e agora falta Fiji, então assim, para quem surfava marola, tá bom, né?
- Então assim, eu gosto de ver o crescimento, a entrega de todos esses anos, e eu recebi uma pergunta ali fora sobre o que eu amadureci no surfe. Isso vem das piscinas, elas têm transformado a vida de algumas pessoas que nunca sonharam em surfar, e de quem já vive disso. No meu caso, consigo ir para a piscina da Boa Vista, em São Paulo, onde eu me dedico muito, e aquilo ali, eu consigo levar toda aquela experiência para o mar, e isso acaba me dando mais confiança. Antigamente, eu surfava bem mais para um lado, e hoje eu surfo para os dois lados com a mesma intensidade, e eu consigo executar as manobras para os dois lados, iguais, da maneira que eu quero. Isso, para o circuito, você acaba se tornando um mais completo e (surfar em piscina) torna ainda mais positivo no final - comentou Ferreira.
Italo já foi líder do ranking da WSL e agora ocupa a quarta colocação. A reta final da temporada vai definir os classificados ao finals e o brasileiro tenta se manter dentro do top 5 até a etapa de Fiji.
- Eu acho que no começo foi muito divertido ter a camisa amarela para alguns eventos, e tentar manter aquela posição. Acho que, no final do ano, o último evento é o mais importante, e eu preciso estar com a camisa amarela (quando acabar o finals), então esses são meus grandes objetivos, e isso é o que eu estou procurando. Há dois eventos antes de Fiji, então é uma longa jornada até o fim, então eu estou apenas tentando me concentrar e performar na água. - revelou o surfista.
Etapas em piscina de ondas têm sido cada vez mais admiradas pelos surfistas. As ondas artificiais potencializam a performance dos atletas. Italo se destacou na etapa de Abu Dhabi e foi o campeão do evento em fevereiro deste ano. Questionado se gostaria disputar uma temporada inteira neste estilo, Ferreira explicou que acha interessante um aumento do número de eventos fora do mar.
- Eu adoraria, aí teriam quatro caras brigando sempre pelo título, porque na piscina de onda você consegue separar alguns caras, e isso faz com que alguns passem daquela linha que é colocada no surfe.
- Quando você vai para a piscina, ou o cara surfa muito bem para a direita, ou ele surfa muito bem para a esquerda, é difícil achar um cara que surfa com os dois lados com a mesma intensidade, com a mesma força. A piscina realmente mostra a falha e o defeito do surfista, e isso é legal, porque nos últimos anos, como eu falei, eu venho me dedicando bastante nas piscinas de onda para poder melhorar todos os meus movimentos para ambos os lados.
- Como é um ambiente controlado, você consegue fazer eventos em horas exatas, programado com a TV, onde tem um público também grande, alinhado com as marcas, é claro que você tem o controle total do evento e da competição em si. Acho que quando você entra em uma piscina também, deveriam ter critérios diferentes na competição, ou seja, performance, manobra inovadora, que seria usar aéreos e tubos.
- As piscinas ainda têm que melhorar um pouco mais (nos tubos) para que a gente supostamente possa ter algumas etapas a mais dentro de uma piscina de onda, para que aí você tenha realmente ação o tempo inteiro e não tenha aquele momento de quatro ou cinco dias off(sem baterias) que, para o atleta, realmente acaba se desgastando, porque você queria realmente competir e tem que baixar um pouco a sua energia para aguardar para o próximo momento de competição. Isso também faz parte do jogo, e quem trabalha melhor nesse momento realmente sai um pouco na frente - abordou Italo Ferreira.
Italo anunciou nos últimos dias que vai ter um filho. O surfista participou da coletiva vestindo uma camisa em alusão à ultrassonografia obstétrica feita pela companheira Sofia Larocca.
- É legal, porque é um outro sentimento, é uma outra energia, sabe? É algo muito especial. Obviamente aqui na sala tem alguns papais e mamães, então provavelmente vocês sabem do que eu estou falando. E (ontem) a gente acabou sabendo o sexo da criança, que é menino, é o Martin. E eu fiquei surpreso, porque eu fiquei há quatro meses falando que era uma menina, e eu conversava como se fosse uma menina (risos). Falava "Sarinha, o papai vai trabalhar, e ele já volta".
- Mas é engraçado, é um momento muito especial, sem dúvida. Eu acho que é um combustível a mais, uma nova fase da minha vida, um novo capítulo da minha história onde você pode se dedicar à tua família, de fato. Quando eu entrei no Tour, era para ser um profissional bem-sucedido e transformar a vida da minha família, dos meus pais, amigos, a galera que estava ali junto comigo. E hoje eu construí uma família, um futuro depois de tudo que eu já vivi.
- Então, assim, você realmente acaba mudando a mente e pensa mais na sua família naquele momento, né? Ficam me perguntando: "Ah, mas e você vai fazer isso? (competindo profissionalmente) Eu vou continuar, porque eu vivo de adrenalina, né? Acho que tudo que eu puder fazer ainda…
- (Quero) incentivar o esporte. Me perguntaram também se eu queria que ele fosse surfista. Claro! Mas qualquer uma outra modalidade (que traga) foco, disciplina, o respeito pelo próximo e aquela vontade de vencer. Você precisa desses pilares em qualquer área para ser bem-sucedido e ter um resultado positivo
- E vai ser algo especial. como vocês viram, nem nasceu ainda e eu já estou babando, né? Então, vai ser engraçado. Vocês vão poder ver vários vídeos meus surfando com o bebezinho - completou Italo Ferreira.
E etapa da WSL em Saquarema começa no dia 21 de junho e a janela fica aberta até o dia 29. Italo Ferreira foi escalado na primeira bateria do evento e enfrenta Connor O'Leary e Seth Moniz.