Selic a 14,75% ou a 15%? Banco Central decide nesta quarta patamar dos juros no Brasil
Mercado está dividido sobre manutenção da taxa de juros ou uma elevação de 0,25 ponto percentual
Com o mercado financeiro dividido, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decide nesta quarta-feira, 18, se interrompe o processo de alta da taxa básica de juros da economia, atualmente em 14,75% ao ano, ou se eleva a Selic a 15%.
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Em maio, o Copom elevou a Selic para 14,75% ao ano, maior patamar em 20 anos, sem indicar os próximos passos, adotando postura cautelosa diante da incerteza externa e da necessidade de avaliar os efeitos do aperto monetário.
Responsável por influenciar todas as taxas de juros do País, a Selic pode ter um peso no bolso do consumidor quando se trata de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.
O que os bancos e o mercado esperam do Copom?
Há algumas instituições financeiras que acreditam que o cenário já possibilita uma interrupção do ciclo de alta dos juros. O Itaú, por exemplo, acredita que o Copom deve encerrar o atual ciclo de aperto monetário, optando, por unanimidade, pela manutenção da taxa Selic em 14,75% a.a.
"A decisão [do Copom] deve refletir o estágio avançado do ciclo e a perspectiva de que os efeitos defasados e cumulativos da política monetária se tornem mais evidentes, em um ambiente de incerteza acima do usual”, diz o Itaú, em comunicado.
A Associação Brasileira de Bancos (ABBC), por sua vez, projeta elevação de 0,25 p.p. na Selic, encerrando o ciclo de elevação em 15,00% a.a. Essa estratégia, de acordo com a ABBC, contribuiria para garantir a convergência da inflação a meta.
“Com as estimativas ainda permanecendo distantes da meta e a necessidade de flexibilidade e cautela para as decisões de política monetária, e para evitar uma precipitada antecipação do início do ciclo de cortes, entendemos como oportuno mais um aumento residual de 0,25 p.p. na taxa Selic”, afirma.
Além da divisão entre as instituições financeiras, há também dúvidas entre os agentes de mercado. Alexandre Gaino, professor de Economia da ESPM, explica que essa divisão ocorre porque ainda há elevadas incertezas internas e externas.
“A possível decisão do Copom por uma elevação da taxa básica de juros pode ser justificada pelo timing, para que a partir do próximo semestre haja maior espaço para que a taxa seja mantida e posteriormente reduzida, a depender da dinâmica econômica doméstica e internacional”, pondera o economista.
O que é a taxa Selic e como ela funciona?
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. A sigla Selic vem do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, no qual o Banco Central opera diariamente na emissão, compra e venda de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional.
A taxa de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. Na prática, funciona assim: quando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial de inflação do Brasil, está em um nível muito alto, o BC sobe os juros, para tornar o crédito mais caro e desincentivar o consumo.
Com menos pessoas consumindo, a tendência é os preços se acomodarem. No cenário oposto, se a inflação estiver em níveis baixos, o BC reduz os juros para estimular o consumo e, consequentemente, a economia.